segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Preconceito Religioso.

Eu só soube agora, senão tinha publicado antes.

O PRECONCEITO DE QUEM PENSA COM OS PÉS

Átila Nunes

Não é possível que o Brasil esteja se transformando numa pátria dividida em segmentos religiosos. Esse comportamento é a antítese de tudo que se fala do brasileiro. Um incidente grave aconteceu na Semana Santa em São Paulo, que contraria tudo aquilo que se fala sobre o lado bom e generoso do nosso povo.
Essas fotos anexadas são do Lar Mensageiros da Luz, um abrigo de crianças, adolescentes e adultos de ambos os sexos, com deficiência, especificamente portadores de paralisia cerebral -  Atualmente atendem 38 pessoas da Baixada Santista, SP.

E de onde vêm esses deficientes? São deficientes em risco pessoal e social encaminhados pelo Poder Judiciário ou o Conselho Tutelar.

Na Semana Santa foi programada uma visita de jogadores do Santos Futebol Clube aos pacientes do Lar Mensageiros da Luz, quando seriam entregues ovos de Páscoa. Quando o ônibus parou á porta da instituição, alguns jogadores como Neymar, Robinho, Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos, Ganso e Brum se recusaram a descer.

A razão? Souberam que a instituição tinha sido fundada há 47 anos por espíritas. O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro foi até o ônibus e conversou com os atletas. “Falei para os jogadores que o Santos tem que provar que não é apenas um time de futebol”. O técnico Dorival Júnior, visivelmente constrangido, disse que deixara claro que era uma atividade paralela às atividades do clube e que não era obrigatória a presença de todos. “Era pra ser algo fraterno, buscando uma troca com aquelas crianças que têm muito mais para nos ensinar do que temos para lhes oferecer” - disse o técnico santista.

Foi dito aos jogadores que o Lar Mensageiros da Luz (www.mensageirosdaluz.org.br) não era um centro espírita, tinha sido apenas fundado por espíritas. Mas, não adiantou. Não desceram do ônibus e as crianças ficaram esperando. Mais tarde, em entrevista à TV Bandeirantes, Robinho e Neymar disseram que não desceram do ônibus para visitar os deficientes que os esperavam porque “ficaram sabendo que se tratava de um lar espírita” – disse Robinho.

Essa notícia me foi trazida em plena Semana Santa pelo meu filho, Átila Nunes Neto, que estava chocado. Meu filho é um homem de 36 anos e jamais permitiu que sua fé religiosa passasse por cima dos princípios básicos da fraternidade. A maioria esmagadora do povo brasileiro, espiritualistas como nós, ou não espiritualistas como muitos, o povo brasileiro tem respeito por todas as religiões. Tem respeito pelo trabalho que todas as crenças realizam no campo da caridade.

Não há como nutrir um profundo respeito por tantos que se doaram à humanidade, como Irmã Dulce, Mahtama Gandi, Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier.

Sem falar naqueles que praticam a caridade no mais absoluto anonimato. Não importa a religião dos que fundaram a ABBR e a APAE. A gente aprende que na caridade não há excessos, que a caridade deve ser a felicidade dos que dão e dos que recebem.

O preconceito no caso de alguns jogadores do Santos superou o sentimento da caridade. É uma pena. Eles teriam invadido de alegria os corações daquelas crianças com paralisia cerebral.
Mas, o preconceito é uma opinião não submetida à razão.
E, as vezes, surge de quem pensa com os pés.