A verdadeira prática da fé caminha ao lado do entendimento e da valorização integral da vida. É o viver para si e para o outro que compreende a complexidade da existência e da necessidade intensa de relacionamento com o próximo como parte do processo natural da vida.
O exercício sempre conflitou de forma bastante intensa no relacionamento entre as pessoas. Testemunhar a religiosidade muitas vezes esteve ligado à demonstração da vida espiritualizada por meio da honra ao compromisso, já que não podemos medir, ou avisar a todos os que nos procuram, que não estaremos no lugar onde foi combinado o serviço ao próximo como uma forma de compromisso com Deus e com o mundo. Por muitos e muitos anos, o compromisso com a plenitude da vida em seus muitos aspectos ainda não é reconhecido por todos como deve ser a verdadeira expressão da religiosidade, na medida em que nos intimidamos com a primeira adversidade.
A vida em parceria existe desde que o mundo é mundo. O conceito de vida coletiva começa quando Deus decidiu criar o homem, e viu que não seria bom que o mesmo ficasse só, assim são as verdadeiras kumpanias.
Quando nascemos, não temos a possibilidade de escolher em que contexto, em que situações, em que ambiente ou grupo podemos fazer parte. Quando adultos sim.
As características desse panorama em que somos gerados atua em nossa personalidade de várias formas e muitos fatores influenciam nossa adaptação e aceitação desse ambiente, na forma de fraternidade, gentileza e confiabilidade.
E isso é um verdadeiro gerador de capacidades, descobertas e potencialidades – um cenário para exercício da cidadania, do ético e da responsabilidade social, sendo que não devemos combater ou apontar este ou aquele credo como mau exemplo, já que aceitamos todas pelo AMOR e compreensão pela espiritualidade, mesmo que professemos credo diferente dos demais, compreender o Astral, gera OBRIGATORIEDADE, pois quem ama, assume compromisso.
As pessoas que crescem em um contexto social considerado adverso dos parâmetros considerados normais, nascem em uma comunidade de periferia, rodeada pelos mais diferentes tipos de mazelas sociais – como fome, desemprego, prostituição, analfabetismo, violência, drogas, machismo, exclusão e tantos outros problemas característicos de espaços como esse, são também típicos de povos nomades como o Povo Cigano, mesmo assim nosso povo que nasce debaixo da lona não se rende, mesmo diante deste universo social experimentam vivências marcantes em suas vidas, tais como: compartilham as necessidades e cargas do outro; entendem as dificuldades como grandes oportunidades, quando repartidas; a luta e a revolução sendo transformadas em vitória e determinação; a vontade de crescer e o grande desejo sendo traduzido em esperança; a unidade nascendo na diversidade.
É preciso entender que é desde a infância que se concebe toda a visão de mundo e compreensão do que é a vida em comunidade, bem como entender o papel de cada um como Médium comprometido e cidadão para a transformação da realidade.
A prática da religião como compromisso ético e social, pode ser caracterizado pelo respeito e amor ao próximo, independente de suas diferenças; pelo cuidado e o zelo pela Terra, preservando; agindo de forma protagonista e transformadora nas Casas Religiosas, sendo anunciadores de boas novas e combatendo todas as formas arbitrárias que oprimam, diminuam ou excluam as pessoas; justamente porque o Povo Cigano, é Raça Excluida, buscada apenas na superficialidade por aqueles que não conseguem ver além do papel religioso (dito religioso e sem compromisso), é aquele que não pode compreender que somente sendo um verdadeiro Cigano é que virá a ser inconformado com esse século, mas transformador pela renovação de nossas mentes e ações, estando presente, mesmo quando não é um tempo propício. Só um Vortako pode entender isso.
“O vortako tribulame, ane kelimaste ano nasfalimos, ano thiorrimos tai ane martha”!
Tradução: “O amigo é para alegria, brincadeira, doença, miséria e morte”!