Sim, até que esta passagem de minha vida, podia se chamar assim. Aventuras de Ramona, ou até mesmo, aventuras da Cigana, ou da Kalin.... (risos). Bem minha gente, meu povo querido, semana passada fui ao banco. E vocês dirão a ai? Bem fui ao banco abrir uma conta, feito gente grande. Cheguei la, e continuei com a mesma impressão de sempre: Cigano onde chega, é visto diferente, até porque não tenho costume de ir ao banco. Foi um dia bem interessante.
Entrei, depois da celeuma da porta eletrônica (que atinge a todos por sinal), e me direcionei ao caixa da abertura de contas, então me dei conta de que uma mulher de 1,79m e 90kl, com mãos adornada por diversos aneis e pés enormes, é vista, ainda mais de saia rosa e flores no cabelo... Risos.
Ate ai tudo bem, sentei em frente a moça, muito cortes, e ela me disse o que necessitava, o que alias eu já sabia e já tinha levado. Ela começou a preencher aqueles papeis todos, e no meio da entrevista, me perguntou baixinho: Você joga cartas? Disse que sim. Ela parece que havia se sentado a frente de uma entidade poderosa, e abriu seu coração. Eu não sabia se olhava para ela, para os papeis, ou para a fila atrás de mim. Ate que veio uma voz mais alta: “Ta demorando, porque ela é analfabeta”! Ri dentro de mim mesma. E a moça não se incomodava! Continuava, fazendo os papeis e contando tudo...
No final, ela me disse: O que você acha que eu devo fazer? Eu disse (com aquele ar de quem sabe tudo de tudo): Que ela fizesse o que o coração mandasse. Meu telefone ela já tinha, e disse que vinha aqui em casa (na Tsara Kalimã Romani), porque havia gostado muito de conversar comigo, falou que seu coração ficou mais calmo. Meu povo, meus leitores queridos, abri a conta, agradei e desagradei no mesmo local, no mesmo instante. Vim para casa pensando, como é a vida! Na confiança que ela fez a partir do contato, na carência, no pré julgamento, na imagem pré estabelecida do poder de uma cigana, em tudo.
Confesso que aquilo mexeu comigo. E por isso compartilho com vocês. Contei já duas ou três passagens do preconceito, mas esta foi para pensar. Desde a voz do homem que acreditava no meu analfabetismo, ate a disponibilidade imediata de contar seus problemas. Assim fiquei a pensar no mundo, na imagem que a gente passa, nos momentos de carência da vida da gente, nos pré julgamentos de valor que fazemos. Foi uma experiência única, que me deu muito.
Naturalmente como uma boa flexeira, acharia graça. Mas não, descobri que eu também tinha meus preconceitos de crer, que um banco era um local chato e desinteressante, mas vi que acima de tudo é um local que circula gente, e que gente sempre surpreende, pois não vem com “manual de instrução”. Foi isso meus amigos, até a próxima!