Ontem eu fiz Amor
Ontem eu fiz amor... como diria Machado de Assis: sim, meu caro leitor, Amor!
Muitos dirão, eu faço todos os dias. Outros dirão... eu faço sexo! Eu não, eu também já fiz e faço, sexo chulo, com nome de amor. Mas ontem... ah ontem... eu fiz de verdade.
Não fiz somente amor, mas sim amor pleno. Nos desembrulhamos, ele já estava pronto de muito tempo atrás.
Sem pretensão visitei uma amiga operada (benditos cálculos renais!!!!!) e lá estava o homem amado, com brilho nos olhos, saudoso. Eu também não estava disfarçando. A chuva caia forte, risos e conversas.
Convite para vê-lo ao violão. Despertou muitas lembranças. Me sentindo honrada, entrei na toca do escorpião, onde poucos são os admitidos, único lugar onde podíamos ser nós mesmos.
Quando anuncio logo ir, ele pediu:
– fique não há razão para ir... Te desejo.
E segurou em minha mão, beijando meu pescoço.
Decidi ficar. Este amor, há tanto tempo guardado, explodiu. Conversamos muito sobre tudo, menos sobre nós – isso já não era preciso dizer, estava saindo pelos poros de cada um de nós.
A luz foi apagada. A noite através da janela aberta, cumpliciava tudo.
Beijos, os mesmos. Beijos tímidos, mãos atrevidas, ardentes de desejo. Amor igual na receita universal. Um homem de falo ereto, uma fêmea intumescida.
Diferente de tudo que já vivi. Tão cheio de sentimento, corpos aflitos de saudades. Não era preciso dizer nada, só sentir. O mesmo gosto de cigarro, o cheiro de cravo da índia, o gosto da boca dele, o mesmo chamar para deitar em seu peito. O conforto do abraço, o carinho, o servir da água, a pitada depois do amor físico, fumaça invadia o amor no ar. Risos e conversas no escuro.
Despojados de tudo, das palavras, do sentimento escondido, dos medos. Eu nua com a blusa dele, ele nu com o cheiro da minha pele.
Deitamos juntos, abraçados. Mas na verdade não dormimos. Mansamente as emoções se agitavam dentro de nós, ali casados e enganchados, naquele amor sem peso, sem espera, sem amanhã...
Eu e meu homem amado, como há muito tempo atrás.
Sem mancha sem mágoa, sem futuro, sem passado. Só o gosto dele, só os eternos minutos.
É leitores, ontem eu fiz amor como nunca tinha feito antes. Amor verdadeiro. Pela manhã nos despedimos e uma lagrima furtiva teimou em descer dos olhos dele.
Deixemos assim, no encanto; se terei uma outra vez, não sei.
Mas ontem, como rainha, ao menos uma única e prazerosa vez, eu amei, eu fiz amor.