sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Papo de Comadre


Na entrada da Tsara, os Costumes da Rromhá. Antes de começar, a escrever sobre a cozinha cigana, é preciso ter um papo de comadre, adentrar dentro da Tsara, antes de chegar até a cozinha. É preciso conhecer os costumes da Rromhá. Para nós o ato de comer é sagrado e ritualístico. Os ciganos tem muitas normas, que deverão ser cumpridas, como não desperdiçar comida e comer de tudo. Aprendi com minha avó um ditado que sintetiza isto com muita verdade que é: "A comida preferida é a que esta na mesa". O desperdício não poderia também ser bem visto, por um povo que já passou tantas necessidades e fome. Este fator gera uma outra regra levada muito à sério pelos zíngaros, que é a ofensa da recusa. Se vamos à casa de um zíngaro, à sua Tsara, ao aconchego do seu fogo, não podemos / devemos recusar o que nos for oferecido para comer, pois estaremos cometendo grave ofensa. Ao partilhar o alimento estará ele lhe dando também uma grande prova de estima, consideração e amizade, por isto é tão grave. Salvo que a recusa se dê por causa de problemas de saúde, a mágoa do zíngaro custará a passar. Homens mesmo quando convidados, não deverão permanecer na cozinha, onde não é lugar de homem, salvo quando forem convidados das shuvanis, ou da dona da cozinha, mesmo assim não é de bom tom. Já que a cozinha do rom, é feita ao ar livre, ele sempre é o responsável pelos assados na brasa. Enquanto cozinhamos serviremos às mulheres de todas as idades e crianças, chás, vinhos e licores acompanhados de vários tipos de zulas e cariunchos. Só deverá permanecer no âmbito do fogo, as que forem realmente cozinhar, senão poderão fazer a roda do baile (um pequeno baile só de senhoras e crianças), as mulheres que não tiverem impedidas podem ficar à disposição para ajudar, fora da cozinha (no baile). E para os homens que permanecerem em sua cozinha própria (geralmente no fogo gaudério) serviremos bebidas fortes, como aguardentes, cervejas e conhacque, acompanhados de daneras, zujemias ou petiscos. As mulheres de corpo aberto (menstruadas), não deverão cozinhar, nem permanecer na cozinha, pois consideramos que neste período a mulher sofre uma baixa energética muito grande, e fica suscetível às energias que circulam no ambiente, cozinhando assim, desprotegida, ela tanto poderá passar energias conflituosas para comida, como também poderá em função da baixa de energia sentir-se mal (corpo mole, dores nos rins, cólicas, ect......). As grávidas também deverão estar fora do fogo da galétzo, porque a alquimia que circula nas horas de cocção dos alimentos, pode afetar o bebe, deixando-o inquieto, e causando desconforto na gestante, mesmo por que esta deve ser preservada sempre. As recém paridas (bató), também devem ficar fora, pelo lado prático do período de cansaço que ela esta passando. As cozinheiras devem estar alegres, cantando e imantando a comida. Se uma mulher faz um prato, aquele só deverá ser feito por ela. A panela deve ser mexida sempre no sentido horário e somente por uma pessoa. A preferência para se mexer as panelas (tradicionalmente de ferro) é sempre de colher de pau, por causa da energia benéfica que se desprende da madeira. Os doces e salgados de gade, abjov e pari d' tchaorrô, podem ser feitas em conjunto, desde que se for doce de enrolar seja separado e cada uma enrole a sua porção, e igualmente para os salgados de recheio, cada uma deve ter a sua massa e porção de recheio separado. Pessoas que acabaram de praticar a buena dicha, devem se banhar antes de entrar na galétzo, as djullis podem ficar para aprender a cozinhar. Pessoas com mal estar, zangadas, raivosas, tristes devem ficar longe da galétzo, para não contaminar os alimentos. A dona da cozinha deve ter a sua faca, que poderá ser somente utilizada por ela. O fumo deve estar longe da cozinha, para não atrapalhar o astral etérico dos alimentos. A ordem de servir os mimos (petiscos, zulas e bebidas) será sempre a mesma em qualquer ocasião: Primeiro as grávidas, idosos (as) e recém paridas. Depois juntos ao mesmo tempo, os homens, crianças e mulheres. Tudo isto que cito é de suma importância, os costumes da Rromhá são levados à sério, mesmo para os sedentarizados. Pois a comida que ingerimos, esta totalmente impregnada de energia e esta energia, deverá ser pura, pois se assim não for pode nos abrir uma porta para muitos males que poderão entrar em nossa aura das mais diversas formas. O ato de comer é sagrado. Nas refeições ou atos ritualísticos, como gade, abjov e pari d' tchaorrô, é com grande alegria que as ciganas, cozinham, cantando, dançando, rindo. Pois são acontecimentos que trazem felicidade para todo o Clã, para toda a comunidade cigana. A higiene do corpo e da alma, ao se manipular alimentos é imprescindível, e a magia que se faz com cada alimento, ao manipular poderá ser forte como qualquer magia que possa ser impregnada aos indivíduos. A ato de levar o alimento à boca por vontade própria constitui um grande ato mágico, por isso os alimentos devem estar preparados à altura desta hora quase que ritualística. Os alimentos tem um valor, que muitas pessoas não consideram, mas no entanto, levando-se em conta do modo que é preparado, que é imantado mesmo que não se dê conta disto, irá tudo ficar impregnada energeticamente em nós. Quando rimos, cantamos, brincamos, sentimos prazer no ato de cozinhar, a comida saí, além de muito mais gostosa, imantada, e pronta para que se faça a magia do comer bem.

Alquimia dos Alimentos

Quando pensei em fazer um trabalho novo, estava a pensar num tema que fosse de curiosidade de todos, de interesse geral mesmo. Mais ao mesmo tempo que atendesse a linha já desenvolvida por mim, seguindo o traço de trabalhos anteriores, de comunhão, de revelação sobre meu povo. Povo que nesta era de aquário, nestes mil anos que iremos passar, deseja começar esta união de Gadjês e Ciganos, trocar o que temos de melhor, e assim surgiu a idéia. Um livro de receitas da cozinha români? Por que não? Além de ser um assunto interessante para muitos glutões, este ato de revelação vem a reforçar a continuação do entendimento que já começou. As receitas da culinária cigana são grande tesouro para nós. Tanto que as receitas são passadas de mãe para filha. Os segredos de cozinha, são segredos ritualísticos, são indispensáveis para qualquer tipo de acontecimento gastronômico que mobilize os ciganos. Tudo que aprendi, foi com minha mãe, que modéstia à parte, é uma grande vilã destruidora de regimes. Fazendo os pratos tradicionais, faz com que cometamos doces pecados. As shuvanis como ela, deixam uma herança que não pode ficar restrita à um Clã, uma comunidade, é preciso que seja dividido, é preciso que o conhecimento seja passado, para que esta energia possa fluir e venha haver realmente a troca que o universo deseja, a que a alma do mundo nos inspira para que seja passado. Quando vemos um alimento em sua banca de venda, ele pode parecer colorido, bonito, mais quando a alquimia é feita, quando é trocada a energia do alimento com a nossa na hora do preparo, é que começa a magia. Os Ciganos tem muitos procedimentos de cautela para que esta energia desprendia seja sempre positiva. Tendo uma série de sábios cuidados na hora de preparação das refeições. Pois sabemos que o corpo se nutre, mais é o espírito que se alimenta. Segredos há muito guardados serão revelados e tenho certeza que estando a mão de quem procura, será o primeiro passo para o entendimento desta troca, que temos agora oportunidade de fazer. A cozinha cigana, é variada, condimentada, diferente, inesquecível. Todo zíngaro ou gadjô glutão, que aprecia os prazeres da boa mesa, irá certamente incluir receitas de culinária cigana no seu cardápio. E os trabalhadores de magia, poderão aperfeiçoar ainda mais. Quem prova da Cozinha Rromhá não esquece jamais, pratos diferentes serão experimentados pelo seu paladar. Degustarão incríveis misturas, uniões impensadas, sabores suaves, picantes, embriagantes, deliciosos. Sabores diferentes e exóticos de nossa cultura, dignos de seu reinado. Estará ao seu alcance toda a magia da cozinha cigana, quem vai querer deixar de provar? Introdução (Influências) Bem quando se fala em cozinha, principalmente quando estamos com fome, a boca logo enche d'água. A cozinha cigana possui uma grande variedade de sabores, em virtude de seu movimento pelo mundo. Desde os primórdios dos tempos, as grandes caravanas, incorporam alguns sabores das terras onde passam. Quando de Kumpania em algum lugar, os ciganos procuram conhecer de tudo, inclusive a culinária local. Aproveitando e principalmente transformando receitas, adequando ao paladar e aos nossos costumes, assim foram criadas receitas de sabores incríveis, exóticos e únicos, que só a Rromhá sabe fazer. A influência do Oriente é marcante, por esse local ser de onde os ciganos se originaram (Índia), caracterizando vários pratos ricos em condimentos e temperos. Outras localidades por onde nosso povo passou ainda no grande Continente Negro, trouxeram enriquecimento ao paladar români. Da Europa, que foi a porta do mundo para nós, temos influências de vários países. Espanha, Portugal, França e Itália, nos influenciaram com a sua culinária regional e tradicional. Muitos outros países onde viveram/vivem uma grande gama de "Filhos das Estrelas", também nos trás algumas pitadas de criatividade que abrilhanta ainda mais o nosso vasto manancial de receitas saborosas e únicas. Como já foi dito, a cozinha români, tem a capacidade de transformar e criar pratos, dando um toque cigano todo especial, utilizando condimentos de todo o mundo, como os ibéricos, meridionais, orientais e ocidentais e os tradicionais. E em virtude mesmo desse movimento constante e marcante, incorporamos à nossa cozinha, fatores que podem passar desapercebidos na cozinha gadjô. Fatores estes de supra importância para nós, como astral, modo de fazer, corpo puro do cozinheiro, material dos vasilhames, comidas tradicionais de ocasião e muitos outros costumes. Estas influências da Galétzo Români, são traduzidas em pratos ímpares, que misturam doces, salgados, frutas frescas e secas, chás dos mais variados tipos, carnes, frios, e também uma variedade de gostosuras. A gastronomia de um povo andarilho, que mantém suas tradições, tem desde pratos rápidos e práticos, até pratos elaborados e sofisticados, e tem de estar à mostra, á mão dos que se interessarem em se deliciar com receitas de pratos, que são um verdadeiro tesouro.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Carnaval e a Espiritualidade

Amigos, nestes dias de festa, de carnaval, ficamos alegresm bebemos, cantamos, comemos e muitas vezes fazem isto em demasia. Nesta epoca nao devemos deixar de cuidar da nossa espiritualidade e um das formas de se fazer isto, é fazer orações durante todos os dias.
Cito uma que é do cotidiano, mas que cai muito bem no carnaval:

Para fazer antes de dormir (nestes dias de sair, ou mesmo acordando)
Salve a noite zíngara, salve a lua que brilha em todo lugar, Deusa da magia vermelha, imanta-me com teus encantos e traga paz e silencio neste momento. Abençoada seja a força astral do oriente, abençoada sejam as minhas forças neste momento de oração e meditação. Que o Povo Cigano esteja em mim agora com seus poderes abençoados por Sara Kali, ajudando-me a resolver meus problemas com sabedoria e justiça. Estejam me guardando em nome de Dou-la esta noite e em todas as noites de minha vida. Amém".