Ao falar de Nomadismo, é mentiroso dizer que somente o gosto por viagens e liberdade é fator fundamental para que este Povo tenha este jeito de viver.
Nos primórdios dos tempos, as razões por fortunas escondidas, terras novas, desejo da descoberta de um paraíso, estão implícitos na alma humana. Estas características estão profundamente marcadas na alma de um cigano, mas não foi só este fator que o levou a correr grandes perigos pelo mundo.
Como estávamos restritos a Casta e enfrentamos aos mais diversos tipos de preconceitos, esperava-se que mudássemos o modo de viver, mas isto não aconteceu, e não acontece. Isto provoca intolerância e inveja contra um povo que mesmo sem ter desenvolvido uma escrita, é capaz de preservar costumes e tradições há milhares de anos.
O povo cigano se preocupa com o que seja realmente necessário e possui uma relação inata com o não ter. Assim não se preocupam com o superfulo, e não considera os bens materias, o mais importante da vida.
O sentido de união deste Povo garante sua cultura e tradição, mesmo entre grupos e clãs diferentes, fala mais alto o “ser cigano também”. Se ajudam mutuamente, se assim não fosse; é possível que nossa cultura teria deixado de existir. A exemplo de outras vastas e ricas culturas que desapareceram no mundo para todo o sempre. Ex: Os Mais e Astecas.
Por este motivo podemos entender a incompreensão das maiorias, o que levanta a bandeira do preconceito contra nós. Este preconceito é fato em todas as populações do mundo, onde se fala que somos ladrões de crianças, vendedores de ouro falso, feiticeiros, o que naturalmente são idéias mentirosas. Já que o cigano leva uma vida dura de trabalho intenso e não tem tempo para atividades perniciosas ou que não sejam de interesse do Clã.
Vou começar falando de Instituições ou Organizações que fazem alusões aos Reis e Rainhas ciganas, e é provado que não existem. Os Clãs são autônomos, ajudam um ao outro mais não a nível governamental e também não tem títulos de nobreza. Existem as leis ciganas seguidas por todos os grupos do planeta, estas sim são as mesmas em qualquer lugar. Cada Clã tem o chefe supremo, ou líderes (geralmente velhos ciganos), que tomam decisões importantes em conjunto sempre visando o melhor para o Clã.
As decisões são sempre deliberadas por homens, não havendo opiniões femininas nestas ocasiões e nem na Kris-Romani (é uma espécie de tribunal para se julgar os mais diversos assuntos).
Temos titulado, chamados de Reis, Barãos, Rainhas, etc... Ciganos que merecem este tipo de tratamento, por serem sensatos, estando realmente de acordo com as leis ciganas, são pessoas queridas dentro dos Clãs, inteligentes e amigas, chamam por carinho, nada é oficial, o que também não é preciso, pois a palavra de um cigano, vale mais do que cartórios, leis e afins.
No regime doméstico, o papel da mulher é de suma importância. Só elas podem castigar fisicamente os filhos e netos.
As meninas são tratadas como princesas, aprendendo as artes divinatórias e magias.
Os meninos a partir dos 7 anos já sai com seu pai para o trabalho de sustento da família.
O pai toca, canta ensina as funções masculinas aos filhos homens, além da música, o canto e a hierarquia do Clã.
A mãe ensina as meninas, cartomancia, quiromancia, hierarquia e prepara-as para ser esposa fiel, mãe amantíssima e querida, prestativa ao Clã.
O avô transmite aos mais jovens Histórias que narram o passado da raça.
A avó ensina a magia, uso de ervas e cuida das mulheres grávidas do Clã.
Ambos os avós ensinam juntamente com os pais o Romanê, e faz com que os ciganos desde bem novos, falar o mais perfeitamente possível o idioma natal, ou de onde vivem, o que fazem com sotaque e entonação características e diferentes.
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