Desespero de mãe e filha foi registrado em vídeo.
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1533266-5605,00-TIRADA+A+FORCA+DE+MAE+CIGANA+CRIANCA+CHORA+MUITO+EM+ABRIGO+DIZ+PSICOLOGA.html
Hoje vendo esta noticia, fui remetida às memórias de minha infância. Afinal sou cigana, sou romie, sou kalin. E fui remetida aos tempos em que andava no colo de minha mãe, quando ela criou, eu e meus irmãos, nas imediações da Praça Quinze de Novembro, no estacionamento do Morro da Conceição ali aos pés da Santa, na escadaria do Valongo, enfim num centro do Rio, que havia vários ciganos e ainda existe, igual a romie citada e VITIMA, da ação de um juiz desinformado, preconceituoso e que acredita que as leis estão acima das tradições (que ele não tem conhecimento e também não buscou saber), e do pretenso bem estar do menor. Pois bem, eu como divulgadora de minha etnia (sobre a qual tenho total conhecimento), posso lhes dizer, que lugar de bebe é no colo da mãe! Nós ciganas que amamos nossos filhos, que não delegamos a ninguém o prazer de criar nossas crias, os levamos para o trabalho, como muitas mães que “supostamente” estão dentro desta “lei”, mas que não fazem os pequenos participar intimamente de suas atividades diárias. Chegam em casa quando seus filhos estão dormindo, e quando saem idem. Mas estão dentro do que se espera como escrito, dentro de um tal estatuto, ou lei que nos cobra, mas não nos inclui nesta sociedade, quando se trata das oportunidades para um bem viver.
O que mais incomoda, e entristece, é ver que esta ciganinha, uma moça nova, foi tratada como vilã, e que no fundo so estava cumprindo as tradições de nossa raça. Vitima de uma VIOLENCIA, bárbara, por pessoas que compactuam com estas tais “leis” sem pensar.
Nossa raça, ama as crianças e os idosos, não colocamos crianças em creches, nem nossos velhinhos amados no asilo. Somos condenados por isso, pela total falta de conhecimento sobre as nossas tradições?
Ou estas pessoas acreditam firmemente que este fato de ser VIOLENTAMENTE arrancada do COLO SEGURO de sua mãe, não causará nenhum trauma?
Torço para que o preconceito, a intolerância, a ignorância, sejam finalmente esclarecidos e que um bebe cigano, possa voltar ao colo seguro de sua mamãe, onde ele sempre quis estar. Sendo amado com fervor, pois não haverá nunca lugar melhor para estar.
Fica aqui o meu protesto diante deste absurdo. Pois mesmo criada na rua, diante de mãos e cartas, hoje sou ESCRITORA, PALESTRANTE e DIVULGADORA de minha Raça, orgulho de meus pais e de meu Clã. Nem todos os pais que estão ou estiveram dentro destas leis, podem se orgulhar de terem construído um ser humano sólido e de bem. Sou romie e me insurjo contra o preconceito!!!!!!!!!!!!
5 comentários:
Também sou cigana, e fiquei indignada com a reportagem apresentada pela globo, em que policiais tiraram a força uma criança cigana da mãe q caiu em desespero. No entanto aqui no centro de São Paulo, está cheio de gadjés q exploram crianças, q na verdade nem são delas, são crianças alugadas para esmolas e ninguem faz nada. Que direito tem essas pessoas de julgar essas mães, condenar e não se informar, sobre nossa cultura. Uma mãe cigana, jamais abandona seus filhos, e são zelosas com eles. Puro preconceito contra nós ciganos!!! Leticia de Paris
Prali,
Eu tb sei disso, mas nos temos é que nos unir, estou movimentando um grupo ca no Rio de Janeiro, pois como disse, nos vivemos na barra da saia de nossas maes, é puro preconceito contra nós!
grata murry tchey
tuximidem
Ramona.consors
Eu fiquei indignada com a retirada da criança, como se ela fosse ser acolhida no abrigo mais do que no colo de sua mãe...
Eu sou Judia e acho que isto foi feito por PRECONCEITO e DISCRIMINAÇÃO, me lembrou o nazismo, que perseguiu não só os judeos como também os ciganos.
Me deu medo, uma insegurança e descrença no sistema, estou indignada!!
Não sou cigana, sou decendente de europeus e japoneses, mas acompanhei o drama desta mãe no noticiario. As cenas de tamanha violencia e o desespero da mãe tendo a filha arrancada do colo me deixaram com lagrimas nos olhos, minha mãe tambem chorou muito.
Comentei com minha mãe sobre o que a Leticia falou, não vejo estas mães que deixam seus filhos na rua a pedir esmola serem sequer advertidas. Nunca vi uma criança cigana atirada na rua, sempre vemos elas acompanhadas por suas mães no meio de seu povo. Acredito que uma criança cigana recebe melhor cuidado do que muitos filhos de gadjés. Vejo isso pela minha irmã que trabalha trabalha e só é mãe no final de semana. A crianças gadjes são largadas no video game, na frente de televisão, nas creches, etc. Os pais não estão mais participando da criação de seus filhos e o resultado esta ai, cada vez mais as crianças estão incontrolaveis e desaforadas.
Aposto que isso não deva acontecer com crianças ciganas, até hoje não vi filhos de ciganos chingando e fazendo gestos obcenos para os pais, ou rebolando na rua o que vejo é respeito com os mais velhos coisa que na nossa sociedade não existe mais.
Notasse que filha da Dervana é uma criança saudavel, bem cuidada, bem nutrida. Quantas mães gadjés amamentam os filhos por mais de um ano? A maioria desmama a criança para trabalhar ou porque tem medo que os seios caiam. Sem falar naquelas mães que tem seis, sete, dez filhos e não cuidam direito de nenhum ficando estas crianças na rua sobrevivendo e virando ladrões, marginais.
A unica coisa que posso pensar diante desta cena horrorosa é em preconceito com relaçãos a cultura cigana.
Agarrar uma mãe e arrancar o filho dos braços? Isso não se faz nem com um bicho, quem dira com uma mulher!
Graças a Deus o povo cigano se uniu na frente do forum e junto com o advogado da familia devolveu a criança para junto desta mãe, lugar da onde nunca devia ter saido.
Gostei de ver a atitude do povo cigano se unindo e lutando por seus direitos e por sua cultura, só sinto por por ter sido num epsódio tão cruel destes.
Eu faria como esta mãe, agarraria o meu filho e lutaria por ele com todas as forças.
Existe forte suspeita que a minha avó, hoje já falecida, é filha de ciganos. Sempre tive vontade de ter a comprovação dessa suspeita. Isso, porém, nunca aconteceu. Essa é uma frustração que carregarei por todo o resto da minha vida. Sinto-me solta, sem raízes.
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