Bem gente desde sempre, eu soube quem eu tinha como companheira na estrada desta doce vida, desde que eu tinha 15 anos, ela se manifestou, trazendo uma grande alegria para mim, e eu nem sabia nada dela ainda. Fui aprendendo aos poucos sobre ela e sua vida passada. Aos poucos ela foi me contando com aquele jeito de quem conta uma historia distante, e linda.
Ainda que cheia de sofrimentos ela nunca falou de forma sisuda, sempre com aquele jeito brejeiro, e sempre rodeada e pedindo rosas vermelhas.
Me disse que era natural da Espanha Moura, de Málaga na Andaluzia, mas viveu boa parte de sua vida ao Leste, recebendo pela proximidade,uma influencia bastante Portuguesa. Sua família era tradicional no comercio de jóias, eram bedónis que se fizeram bastante presentes em toda a Andaluzia. Ela tinha o mesmo jeito brejeiro que tem hoje, mas com uma visão “extra” que assustava ate mesmo os que não queriam crer no que ela dizia. Ela tinha uma ligação muito forte com os anjos e arcanjos, mesmo sem ninguém ter ensinado. Adormecia pessoas, descobria segredos, fazia aparecer objetos perdidos.
Não foi iniciada nos ritos tradicionais do “Khértia Drom” e nem no “Roti Diena”, foi autorizada pelo Barô assim, foi considerada um Latatcho (que em Romani, quer dizer “aquele que nasce pronto”, e participava de todas as iniciações como preletora. Sendo que nos primórdios, colocou alguns ensinamentos nestes ritos que abrilhantaram ainda mais a vida de quem se submeteu a eles. Sendo o Roti Diena praticamente aperfeiçoado por ela. Como até hoje este é um dos ritos mais difíceis de se executar (pois existem poucos habilitados que também passaram por isso nos acampamentos, para isso), ela trouxe para o primordial Roti, Vida!
Seus poderes eram muito mentais, muito falante e meiga, tratava todos com muito carinho, mas buscava incessantemente saber o que ia dentro de cada um. Sendo assim e como sempre acontece, veio até ela de muito longe um Joneshti, um moldovio, para ser iniciado no Roti Diena, ela se encantou logo que o viu! Lembrando dos olhos dele. Logo viu que aquele aquele cigano podia bem traze-la na palma da mão, ele não foi indiferente, embora preocupava-se com o rito para o qual viera de tão longe, ficou encantado sabendo-a proibida.
Tentaram muitas vezes fugir daquele sentimento, fugir daquele amor, que consumia, que matava, um dia ele foi ate o Barô, e pediu audiência. Disse-lhe que aquela mulher era tudo o que ele mais queria na vida! O Barô se assustou com a intensidade dos sentimentos do rapaz, mas consentiu contra todos e contra todos os princípios religiosos de nossa raça.
Eles se encontraram e se amaram. Foi algo fulminante, ela se virou de costas para dizer não, mas não conseguia sair do lugar e ele começou a desnuda-la e a amou. Ela correspondeu. Mas o compromisso com o espiritual fez-la culpada, ela chorou. Ele entendeu que deveria se retirar da kumpania, mesmo com seus ritos incompletos. A Pury do Clã, disse-lhe termine, saia da tsara somente para o necessário, não se atenha na palavra, ou seja não fale. Termine, pois o Roti, so é feito de 21 em 21 anos, considerando que vens de longe para isso, e deixe que Ilarim siga o seu coração.
Ilarim seguiu, inconformada por ter que abrir mão do sentimento que buscou a vida inteira. Foi ate Coimbra e pediu abrigo nas kumpanias de lá. Buscou auxilio na luz e consolou-se em saber que era amada. Mesmo sem ter como viver esse amor. Começou a andar pelos campos, pelos roseirais portugueses, trabalhando sempre com amor, com as rosas vermelhas. Se fez mestra no aconselhar no que não se pode ser. Mas aquele amor, não passava. Entre o amor e os espíritos, a missão espiritual, ela sempre optava pelos espíritos. Mesmo sofrida, sorria. Continuava a ministrar os ritos do Roti Diena com o mesmo amor e empenho. Um dia quando não mais pensava nisso, surgiu o Moldovio, voltou dizendo: Ilarim, confio em ti, não tive sossego, nem dormi, nem comi, não andei, nem vivi, porque pensava em ti, se é pecado, se é proibido, eu te quero mesmo assim, não lhe tiro de minha mente, a não ser que tu não me queira! Disse gritando e caiu. Ela o socorreu e o Barô disse: Vai Ilarim, já deste tua vida e mocidade aos espíritos, vai viver, vai ser feliz!
Após isso, Ilarim foi e viveram muito felizes, embora apesar deste teste, ela nunca teve duvidas entre o amor e os espíritos, não há o que escolher, pois os espíritos são minha vida! O Moldovio entendeu e passou a auxilia-la em tudo o que era pela vida espiritual. Eles passaram no teste. Hoje Ilarim e Danzo, estão sempre a preparar pessoas no “Khértia Drom” e no “Roti Diena”, sendo que o maior ensinamento que eles passam é nunca duvidar da vida espiritual e aceitar o que vier, pois os espíritos sabem o que é melhor pra nós.
Ela sempre trabalha com a braçada de rosas vermelhas, pois esta simboliza o amor. E é isso que Ilarim quer espalhar o Amor e o Crer para ver!
Seu principal ditado é: Creia antes de pedir!
Um comentário:
Muito linda essa história! Adorei, principalmente porque dá um belo exemplo de muito respeito à espiritualidade. E foram agraciados com um final feliz.
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