A cigana Irís é da familia de Carmem. Nos bródios espanhóis ela conhecera a malícia do mundo. Entre as pessoas que frequentavam as grandes festas, ela conheceu um cigano turco que lhe mostrou que o mundo era muito maior do que ela pensava. Ela era muito nova, adolescente, e acreditando que tudo é eterno, se apaixonou. Os encontros eram muito esparsos devido a vigilância dos adultos nas pequenas romies. E na verdade o querer, era em virtude de uma curiosidade e assim foi. Curiosidade saciada a um alto preço.
Sensação de rompimento com a vida, de algo perdido para sempre. Ardia intensamente na alma, uma alegria em chamas, uma brutalidade gentil. Ela passou a ser devedora, não era assim que se fazia, havia uma sagração, um ritual, aprovação, e nunca uma coisa omitida (que mal sabia poder omitir por muito tempo). Foi precoce, foi iniciada precocemente, mas também ao mesmo tempo nascia em Íris, uma liberdade sem ensinamento, uma flor colhida a seu tempo. Nesta primeira vez, tão sem calma, tão sem remanso, tão perseguida de prejuízos, ensinou que assim se alternam as vidas. Nos ensinamentos tortos, e sofridos, para tudo há motivo.
O encontro se deu próximo ao Arroio, que desembocava no mar, vi, gostei, amei, guardei para mim os meus devaneios. E ele correspondeu, amou, e deu vazão. Amaram-se, sem poder evitar. A benção do milagre, logo se fez, o milagre virou desgraça, no bebê não podia lavrar à faca (não se pode enfiar a faca na barriga de uma grávida), mas na feitoria (no pai), sim. Ele fugiu, não se sabe, se viveu, nem agora, nunca mais o encontrou. Ela sim, barriguda, triste com o fruto de um pecado à mostra para todos, foi tomada por lumiasca de um só homem, fugitivo talvez morto, porem o milagre ia vingar. Desde aquele dia de São Sebastião, e agora 02 dias depois do dia de Santa Edwiges, em pleno trabalho de parto pensava que foi como tinha de ser.
O bebê que esperavam ser macho era fêmea, para piorar ainda mais a situação, separam-na da criança sem seu consentimento, com argumentos de que a criança teria vida melhor e encontrará nosso clã na hora certa. Casa-se depois, mas nunca se esquece de sua florzinha, ela fica com uma tia com jeito duro e coração mole. A ciganinha cresce, inteligente, porem introspectiva, teimosa, bonita, talentosa e intuitiva, assim contam as cartas que Íris, deita a noite. Esta ciganinha cresce ao meio de duvidas, próprias de quem vive longe de sua genitora, embora ela tenha certeza que o vento sempre trás de volta o que levou.
E sua filha era assim, difícil, a menina crescia com suas próprias observações diante da vida. Era difícil entender, suas próprias considerações sobre liberdade. A religiosidade sempre presente, Íris sofria, aguardando o tempo certo, que o vento lhe trouxesse o que levou. Aguardou por muito tempo, teve outros filhos, mas nunca se esqueceu do fruto do amor proibido. Aos 27 anos se entregou ao mar, no alto mar, por dor, covardia, coragem, tristeza e assim voltou ao astral, onde mal sabia que meu caminho só estava começando. Por isso ela rege o entendimento na magia, tem satisfação em ajudar, para que outras pessoas não tenham ideias de abreviatura da vida como ela. Trabalha com o oraculo das Flores em homenagem a filha que não viveu com ela.
2 comentários:
Gratidao
Forte, verdadeiro.
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